Vieira da Silva 1908-1992
Maria Helena Vieira da Silva nasceu a 13 de junho de 1908, em Lisboa era a única filha do embaixador Marcos Vieira da Silva com Maria do Céu Silva Graça, vivendo os seus primeiros anos de vida na Suíça, onde o seu pai estava destacado.
Muito cedo despertou para a música e a pintura, tendo aos onze anos de idade começado a estudar piano e canto em casa, desenho e pintura nos ateliers da pintora Emília dos Santos Braga e do pintor Armando de Lucena, e modelagem com o escultor Rogério de Andrade. Pouco depois, ingressou na Academia de Belas Artes de Lisboa e, motivada também pela escultura, frequentou a disciplina de Anatomia, leccionada pelo professor Henrique Vilhena, na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em 1926.
Formação Artística em Paris
Em 1928, tal como era frequente entre os artistas portugueses, com apenas dezanove anos e acompanhada pela sua mãe, Maria Helena decidiu prosseguir com os seus estudos académicos em Paris, França, onde estudou desenho com Fernand Léger e escultura com Antoine Bourdelle na Académie de La Grande Chaumière, ingressando ainda depois na Academia Escandinava, onde foi discípula do escultor Charles Despiau. Durante este período, a jovem artista portuguesa foi ainda discípula dos pintores franceses Othon Friesz e do printmaker inglês Stanley William Hayter no Atelier 17, frequentou cafés, concertos, teatros, museus e galerias, realizou a sua primeira mostra colectiva em França, na Exposition Annuelle des Beaux-Arts da Société des Artistes Français, no Grand Palais, travou amizade com o pintor pós-impressionista Pierre Bonnard, cujo trabalho veio a influenciar a sua própria obra, os pintores modernistas portugueses Eduardo Viana e Milly Possoz. Após concluir os seus estudos, trabalhou com os pintores e escultores Henri de Waroquier (1881-1970) e Charles Dufresne, passando a focar-se apenas na pintura, abandonando assim a escultura.
EXPOSIÇÕES e CARREIRA ARTÍSTICA
Nos anos seguintes, a artista manteve-se bastante activa artística e socialmente, atingindo a sua maturidade artística. Travou amizade com Jean Bazaine, Manuel Cargaleiro, René Chare Guy Weelen, que se tornou seu representante, mudou a sua residência para o Hotel des Terrasses, na Rua de Ia Glacière, e mais tarde para o número 34 da Rua de l’Abbé Carton, no XIV bairro da cidade, estreou-se em cenografia com a peça de teatro “La Parodie de A. Adamov” (1952), realizou trabalhos em litografia, serigrafia, vitral, azulejos e tapeçaria, ilustrou várias publicações literárias e realizou inúmeras exposições a título individual em Paris, Lille, Lausane, Tours, Estocolmo, Lisboa, Porto, Nova Iorque, Darmstadt, Genebra, Londres, Basileia ou ainda em Washington.
A título colectivo expôs na Exposição de Guaches da Galeria La Hune de Paris (1950), com o pintor alemão Hans Reichel, na Redfern Gallery de Londres (1952), na Kunsthalle da Basileia (1954), no Stedelijk Museum de Amesterdão (1955), com a escultora francesa Germaine Richier, no Château de Ratilly, em Treigny, com o escultor Étienne Martin (1967) ou no Museu de Belas-Artes de Dijon (1974), entre muitas outras exposições colectivas, e em termos competitivos, participou em inúmeros eventos internacionais, como na Pittsburgh International Exhibition of Contemporary Painting do Carnegie Institute of Pittsburgh (1952, 1958), no Salon de Mai (1952), na IIª e VIª Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo (1953, 1961), onde foi galardoada com um prémio de aquisição e o Grande Prémio Internacional de Pintura respectivamente, na XXVIIª Bienal de Veneza (1954), na Bienal de Caracas (1955), tendo arrecadado o 3º Prémio na categoria de Pintura, na Exposição Universal e Internacional de Bruxelas(1958), na II e III Documenta de Kassel (1959, 1964), no VIII Salon du Sud-Ouestem Montauban (1961), onde foi convidada de honra, no 12º Festival Internacional de Arte Contemporânea de Royan (1975) e ainda na competição anual do Guggenhein Museum (1958), conseguindo uma menção honrosa, entre muitos outros.
RECNHECIMENTO ARTISTICO
Durante os anos que se seguiram, nomeadamente durante a segunda metade da década de 60 e durante toda a década de 70 e 80, começaram a ser realizadas diversas retrospectivas sobre o trabalho e obra de Maria Helena Vieira da Silva, sendo as suas pinturas expostas em diversas exposições internacionais e espaços museológicas, como em Portugal, Israel, Itália, França, Reino Unido, onde foi eleita membro da Royal Academy of Arts, em 1988, Luxemburgo, Holanda, Suíça, Espanha, Alemanha, Suécia, Dinamarca, Senegal, Tunísia, Argentina, Brasil ou Estados Unidos da América, onde, em 1970, foi nomeada Daughter of Mark Twain.
Em Portugal, a artista também foi reconhecida, sobretudo após a Revolução dos Cravos, tendo realizado diversas obras encomendadas pelo Estado Português, como os painéis decorativos das estações metropolitanas da Cidade Universitária e do Rato ou os dois cartazes editados pela Fundação Calouste Gulbenkian, a pedido da poetisa e amiga Sophia de Mello Breyner, para comemorar a data da revolução.
NOMEAÇÕES e CONDECORAÇÕES:
1977 foi lhe atribuída a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
1988 a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
Medalhas da Cidade de Lisboa e do Porto pelas respectivas Câmaras Municipais.
Para além destas honras dadas pelo Estado Português, várias associações e instituições portuguesas já haviam homenageado a vida e obra da artista, tais como o Grémio Literário de Lisboa e a Academia de Belas-Artes de Lisboa, que a nomearam sócia honorária em 1968 e 1971, respectivamente, sendo ainda escolhida em 1984 para membro da Academia das Ciências, das Artes e das Letras de Lisboa.
CONDECORAÇÕES GOVERNO FRANÇÊS:
Fruto do seu trabalho, em 1960, o casal foi agraciado pelo Governo Francês como oficial e cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras.
1962, como comandante, novamente pela mesma ordem francesa.
1966, Maria Helena Vieira da Silva tornou-se na primeira mulher a receber o Grand Prix National des Arts.
1979, tornou-se Dama da Ordem Nacional da Legião de Honra de França
e membro do Comité de Honra do Movimento contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos.