Fernando Azevedo 1923-2002
Co-fundador do Grupo Surrealista de Lisboa, figura importante do Abstracionismo em Portugal, Fernando de Azevedo (1923-2002) dedicou a vida à Arte e aos artistas.Pintor, ilustrador, designer gráfico, criador de cenários ou prefaciador de catálogos ou ainda curador… em toda a sua vida Fernando de Azevedo é múltiplo de si próprio e, em tudo o que faz, revela uma ligação umbilical à Arte.
Estuda na Escola António Arroio e depois na Escola de Belas-Artes de Lisboa, mas aqui abandona o curso porque o que lá era ensinado estava, no seu entender, ultrapassado.
Um homem assim, de espírito livre, insubmisso e inconformista, só podia ligar-se ao movimento que tinha começado com André Breton em França, em 1919. Fernando de Azevedo é um surrealista e, como tal, em 1947, ajuda a criar o Grupo Surrealista de Lisboa juntamente com outros nomes relevantes: Alexandre O´Neill, Mário Cesariny, Marcelino Vespeira, José-Augusto França, Moniz Pereira, Antonio Dacosta e António Domingos. Dois anos depois participa na primeira exposição do grupo e, por fim., realiza uma última mostra com Fernando Lemos e Vespeira na Casa Jalco.
Na fase surrealista, Fernando de Azevedo desenvolve a técnica favorita desta corrente: a colagem, que explora os automatismos do inconsciente. Mas é sobretudo com as suas “ocultações”, que deixa um contributo singular para a história da arte portuguesa. Ocultação, como o nome indica, quer dizer ocultar, tapar, esconder… e é disso que se trata: uma imagem que é parcialmente encoberta com tinta preta e que assim se transforma numa outra imagem, a suscitar diferentes leituras com outros sentidos poéticos. A técnica, é preciso dizê-lo, foi introduzida por O´Neill.
Mais tarde, Azevedo adere ao abstracionismo e é também responsável pela divulgação dessa nova linguagem pictória em Portugal.
Quando não estava a pintar, Fernando de Azevedo ou organizava exposições ou escrevia sobre pintura. Dirigiu e colaborou em revistas da especialidade, redigiu muitos prefácios de catálogos de jovens artistas, como foram os casos de Júlio Pomar, Graça Morais, Maria Helena Vieira da Silva,Almada Negreiros… novas gerações que entendeu sempre apoiar e ajudar como se de uma missão se tratasse.