Nadir Afonso 1920-2013
Nadir Afonso, nasceu em Codeçais, Chaves. Concluiu Arquitectura na ESBAP e, em 1946, estudou Pintura na École des Beaux Arts, em Paris. A sua total propensão para a pintura em detrimento da arquitectura impôs-se desde cedo, assim como uma ânsia de procura das essências e do absoluto.
A passagem pelos ateliês de Le Corbusier (1948-1951) e de Oscar Niemeyer (1952-1954) não foi suficiente para o demover da convicção de que “a arquitectura não é uma arte […] é uma ciência, uma elaboração de equipas” é um “labirinto de contingências” no qual a arte não pode arrumar-se.
Fez parte dos Independentes (Resende, Lanhas, Pomar), no Porto, em todas as exposições que realizaram até 1946. Em 1943, redige os seus primeiros estudos, altura em que os fenómenos da óptica e da geometria já lhe interessavam muito. Mas as pinturas têm uma feição expressionista, como no caso de A Ribeira ou Vila Nova de Gaia, e algumas, como as que Évora lhe inspirou ou como a célebre Composition irisée (1946), adquirem um carácter surrealizante.
Os anos 40 oscilam entre esse registo, uma figuração humana, sobretudo feminina, de contornos flexíveis, e a progressiva abstracção geométrica de evocações paisagísticas, pontes, praças, monumentos. A tendência geométrica surge, sobretudo, na altura em que pintava no ateliê de Fernand Léger (1948-1951) e no ateliê de Dewasne e Edgard Pillet. Nos anos 50, acentua essa tendência com maior utilização de padrões, num período dito “barroco” de composição, numa série do “período egípcio” de completa estilização geométrica (1950-1955) e na criação da série famosa de trabalhos cinéticos a que chamou Espacillimité (1956-1963), da qual expôs o trabalho inaugural no Salon de Réalités Nouvelles, em 1958. A animação das composições era feita mediante um processo e ritmo técnico-cinematográwco. Integra nessa altura o grupo da galeria Denise René, onde expõe com Vasarely, Herbin e Bloc.
Durante toda a década de 60, está com a família em Portugal e dedica-se aos estudos que dão origem, em 1970, ao livro Les Mécanismes de la création artistique. A meio da década abandona dewnitivamente a arquitectura. Trabalhos como Projections ou Galáxias são signiwcativos das suas pesquisas, e, em 1968, realiza uma série de Cidades que serão retocadas até 1980. Esse é um processo criativo assumido com alguma frequência por Nadir Afonso, pinturas vão sendo alteradas em momentos sucessivos.
Nos anos 70 e 80, continua a desenvolver abundantes estudos de cidades: linhas imbricadas, ondulações que dinamizam a geometria dos edifícios, espirais, pontos de fuga, malhas, alguma profundidade de campo. No wnal dos anos 80, são frequentes trabalhos com a wgura humana dewnida por traços análogos aos que desenham os fundos e relações compositivas de gesto e geometria.