Pinto Pereira
Um homem assim, de espírito livre, insubmisso e inconformista, só podia ligar-se ao movimento que tinha começado com André Breton em França, em 1919. Fernando de Azevedo é um surrealista e, como tal, em 1947, ajuda a criar o Grupo Surrealista de Lisboa juntamente com outros nomes relevantes: Alexandre O´Neill, Mário Cesariny, Marcelino Vespeira, José-Augusto França, Moniz Pereira, Antonio Dacosta e António Domingos. Dois anos depois participa na primeira exposição do grupo e, por fim., realiza uma última mostra com Fernando Lemos e Vespeira na Casa Jalco.
Na fase surrealista, Fernando de Azevedo desenvolve a técnica favorita desta corrente: a colagem, que explora os automatismos do inconsciente. Mas é sobretudo com as suas “ocultações”, que deixa um contributo singular para a história da arte portuguesa. Ocultação, como o nome indica, quer dizer ocultar, tapar, esconder… e é disso que se trata: uma imagem que é parcialmente encoberta com tinta preta e que assim se transforma numa outra imagem, a suscitar diferentes leituras com outros sentidos poéticos. A técnica, é preciso dizê-lo, foi introduzida por O´Neill.